Ainda dá tempo?

 


Ainda dá tempo?

 

Que tempo é esse, tão estranho.

Sem, beijo, sem abraço, cumprimento de punho fechado,

longe da gente, cotovelo a gente não sente,

olhos assustados, lábios sufocados, coração apertado.

 

Presente dado mesmo distante, de longe sem graça.

Carinho reprimido, peito doido, natal sem fumaça.

Luzes frias, noites esguias, muita “live”, casas vazias.

Oi de longe, beijo de conde, saudades do tamanho de um bonde.

 

Será que em Pasargada também tá assim?

Será que lá, todo mundo que eu quero, mesmo estando perto, fica longe de mim?

Será que se eu for pra lá agora, ainda vai ter gente na hora?

Será que se eu transgredir as regras, me botam pra fora?

Será que La fora pode ao menos fumar sem ter que se mascarar?

 

Então: Agora a gente nem sabe mais se é certo o certo ou se agora errado é o certo.

 

Aqui nesse mesmo lugar, que um dia eu escolhi pra morar,

Há de ter um paraíso pra me isolar, e de novo poder voltar a sonhar.

Posso falar?

De nada vale esse vinho, essa comida toda, esse paraíso lindo, sem poder ter gente pra me acompanhar.

Sem tudo isso, Ainda dá tempo pra se amar?

 

Marcio Martini

Foto:  Silvana Bianchi

#VAIPASSAR

https://letraecena.blogspot.com/2020/12/ainda-da-tempo.html


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