Telefone
@alecsandraphotos
Telefone
No tempo do telefone era tudo diferente.
Namorar no telefone era uma delícia
A gente suava a mão só de lembrar o perfume da namorada.
Conversa fiada por muitas horas, varava a madrugada.
Promessas, segredos, fuxicos e muito nhenhenhem.
Falava-se de tudo, sem perdoar nada nem ninguém.
E depois da meia-noite não se pagava vintém.
Tinha lista telefônica.
Num livro onde não se liam pronomes, cheio de nomes,
números e sobrenomes. Procure aí por Esmeralda:
Qual nada. O nome era sempre o do pai,
e se fosse ele quem atendesse, ai ai ai!
Com quem o senhor quer falar?
Desculpe senhor, foi engano.
Essa resposta era de lascar o cano.
Pra ligar tinha horário combinado,
E eu rezava pra quem pegasse não fosse o Agnaldo,
Que já atendia assim - Fala aí cunhado!
Que raiva!
Quando a Dona Lelé era quem atendia,
De cima em baixo o corpo todo tremia:
Não falem por muito tempo - telefone é um privilégio,
Além do mais, amanhã ela tem prova no ginásio.
Aí, ... quando ela vinha e falava alô ... o tempo parava.
Oi ... oi ... o que você está vestindo? ...
E a cabeça rodava, a gente sonhava,
e quando a gente via, o sol já raiava.
Hoje tem zap que é quase a mesma coisa - com foto
Marcio Martini
15/05/2019